domingo, 18 de novembro de 2012

Freio a disco na traseira pronto

Essa semana foi complicada, o diferencial foi desmontado, o flange do freio antigo que tinha ficado foi removido e os dois novos foram ponteados, depois de adequadamente medida sua posição. Mas foi completamente impossivel soldar os flanges novos com a TIG ... a razão é baseada na historia da siderurgia brasileira:
O processo da fabricação de aço, de uma maneira bem resumida, trata-se da reação do minerio de ferro (oxido) com carbono (coque, carvão, ect) em um grade equipamento chamado alto forno. Para garantir o equilibrio da reação e devido a solubilidade do carbono no ferro liquido, o produto final, chamado ferro gusa, é muito rico em carbono (e outras impurezas) o que o torna fragil e pouco útil. Para remover esse excesso de carbono, emprega-se a injeção de oxigênio que na temperatura adequada oxida o carbono, liberando monóxido de carbono na atmosfera. O problema é que esse oxigênio fica solubilizado no aço resultante, gerando o aço chamado efervescente. O processo de desagueificação (remoção de gases) pode ser realizado de diversas formas como váculo, adição de elementos de liga, injeção de gases inertes que arrastam o oxigênio, etc esse processo produz o aço chamado acalmado. No entanto, devido a custos (de quem produzia, obvio, pois não tinha muita concorrência) quase todos os aços eram efervescentes em maior ou menor grau e até 1992 todos os carros eram fabricados com esses aços (já reparou que carros a partir de 93 não apodrecem tão facil? Tem outras causas mas essa é uma das principais). Esses aços são muito menos resistentes a corrosão (chegam a apodrecer de dentro para fora!), tem propriedades mecânicas inferiores (são mais baratos de moldar!), mas tem maior capacidade de aderência de tintas. Para uma indústria automobilística sem muita concorrência era o máximo, mais facil de dobrar, mais facil de pintar e apodrecia facil, fazendo com que o usuario comprasse outro ou pagasse conserto!
Voltando ao diferencial, ele provavelmente foi montado com o aço mais barato que a braseixo encontrou e quando eu tentava soldar o flange a solda fervia. Consultei um colega (Tiago Campello) que entende mais do que eu de soldagem para ver se ele tinha alguma idéia e ele sugeriu que eu soldasse com eletrodos revestidos 6013 (eletrodo para portão) que embora deixe um acabamento ruim daria a resistência que eu preciso. Entrei em contato com o Luizinho que é o cara para esse tipo de trabalho incomum e ele sugeriu que tentassemos com a MIG dele usando, se não me engano 70S6 cujo teor de manganês facilita a soldagem de coisas sujas e tem resistência e acabamento melhor do que o 6013. O resultado você vê abaixo, muito bom! 
 Esse é o Luizinho na oficina dele, com o diferencial. E o mais impressionante é que a mascara automática dele estava estragada e ele soldou com a manual! Abaixo você confere a solda, muito melhor que a original.

Essa é a solda final do flange, solde apenas no lado de dentro, o ressalto que você vê no desenho é para guiar a solda! A distância que você vai usar para fixar, medindo do final do diferencial é de 47mm, mas o disco tolera, contanto que o flange esteja bem alinhado, +-1mm.
Esse é o desenho do flange que você pode usar para colocar o freio a disco do monza, vectra, astra, zafira, corsa, etc. Os 45mm de distância do final do diferencial podem variar (eu usei do vectra 96) mas acredito que não. Boa sorte instalando o disco e divirtam-se, acho que todas as informações necessárias já foram postadas, se faltar alguma coisa poste um comentário que eu incluo.

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