domingo, 27 de janeiro de 2013

Sobre Corrosão

Hoje bateu uma inspiração e resolvi escrever um pouco sobre alguns processos corrosivos que rolam naturalmente em carros antigos. Em posts anteriores contei a vocês sobre o avanço metalúrgico que levou ao uso de aços com resistência superior a corrosão. Além disso, foram feitas modificações da ordem de design para melhorar ainda mais a durabilidade dos automóveis, um exemplo disso, são os vidros colados que evitam com muito mais eficiência que fique alguma água retida em seu interior como as antigas borrachas de encaixar.
Explicando de maneira bem simplificada, a corrosão automotiva ocorre basicamente por processos conhecidos como eletroquímicos. Esses tipos de corrosão precisam de três itens para que possam acontecer, duas regiões com potencial diferente (metais diferentes, por exemplo), um contato elétrico entre elas e por fim, um eletrólito (água da chuva, por exemplo). Abaixo dou alguns exemplos de proteções e problemas relacionados a corrosão nos carros:

  • A tinta do carro evita que o eletrólito (água) entre em contato com o metal evitando o processo corrosivo, falhas na tinta criam regiões com potencial mais baixo que levam a corrosão. A tinta, no entanto não é impermeável como muitos pensam, ela deixa pequenas quantidades de água para o seu interior. Pinturas realizadas sem a adequada limpeza (sobrando algum pó solúvel em água) faz com que um processo conhecido como osmose acelere a passagem da água, formando corrosão sob a pintura, já viram aquelas "bolhas" de ferrugem?;
  • O uso de parafusos e escapamentos em inox podem acelerar o processo corrosivo no aço da lataria na região próxima ao contato elétrico dos dois metais. O ideal é não usar parafusos em inox e garantir que o escapamento está bem isolado eletricamente. O revestimento de zinco nos parafusos comuns (galvanizados) além de proteger o próprio parafuso também protege a lataria, numa restauração é muito importante a troca de parafusos cujo zinco já acabou (eles tem vida útil!) pois a maior parte dos parafusos são fabricados em aços ligados, que normalmente possuem um potencial galvânico maior do que o da lataria, acelerando a corrosão do carro. O zinco funciona como protetor do aço pois seu potencial galvanico é mais baixo, fazendo com que ele seja corroído antes.;
  • O uso de soldas em inox para deixar o carro mais "resistente" eu nem vou comentar, mas já vi fazerem;
  • O chevette tem algumas arruelas de nylon que vão nos suportes do parachoque, elas tem a função de evitar que a tinta sofra pequenos danos durante o aperto do parafuso, se a pintura for danificada em regiões entre peças que formam "frestas", ocorre um processo corrosivo severo chamado "corrosão por frestas", onde o potencial eletroquímico dentro da fresta fica diferente devido ao consumo de oxigênio em seu interior, acelerando a corrosão;
  • Quando se vai fazer um remendo na lataria do carro existem duas opções, cortar a chapa no formato do buraco ou um pouco maior fazendo uma chapa sobreposta. A primeira opção é mais difícil e mais demorada, no entanto, além da segunda exigir um monte de massa plastica, ela deixa um fresta entre as duas chapas, que vão gerar problemas de corrosão por frestas no futuro;
O que fazer para garantir que seu projeto vai durar até os seus netos (não a execução!)?
  • Prepare muito bem a superfície a ser pintada, procure utilizar fosfatizantes como os wash primmers ou preparadores a base de fosfato de zinco, além de aumentar a aderência da tinta eles ajudam a tornar a tinta impermeável;
  • Lave a superfície com um solvente compatível com a tinta antes de pintar (ou passar massa!), isso pode evitar que sobrem sais na superfície;
  • Vede muito bem quaisquer frestas que possam existir na lataria. Use produtos flexíveis e utilize uma camada generosa (mas não muito grossa para não rachar!);
  • Aplique revestimento por zincagem no que puder (evite parafusos de alta resistência como os cabeçote e de eixos, isso pode fragilizá-los!), qualquer falha na pintura será protegida pelo potencial do zinco que é muito mais baixo do que do aço;
  • Não misture metais diferentes na lataria sem saber o que está fazendo, veja a tabela abaixo:

Só para constar, embora o alumínio sofra facilmente corrosão severa, ele sofre um processo chamado passivação. No caso do aluminio, esse processo se deve a formação de uma camada de oxido dura e impermeável que passa a protegê-lo como uma pintura, reduzindo o processo corrosivo pela falta de eletrólito.

Seguem algumas fotos de corrosão do meu chevette:

 Essa é a tampa do diferencial, embora a pintura estivesse íntegra, removi a pintura com removedor pastoso e encontrei um monte de marcas de corrosão filiforme. Ela acontece sob tintas que são muito permeáveis (esmalte sintético comum é uma desgraça!) ou que sofreram pequenos danos ou riscos.
Para que já olhou do lado de dentro da saia do chevette deve ter sacado que essa corrosão nasce de uma fresta que existe entre ela e a chapa que a segura no carro. É muito difícil ver um chevette sem uma marca nesse lugar! 
Esse ponto é causado pelo acumulo de água sob a borracha do vidro que além de tudo forma uma fresta. O interessante é que do outro lado o dano é muito parecido. O pior desses lugares é que o hidróxido formado costuma catalizar a corrosão.
 Outro lugar clássico de corrosão no chevette, também causado pelo acumulo de água (eletrólito!). No caso já preparei uma chapa para soldar no lugar.
 No vidro da frente o acumulo de água nessa região também é clássica. Nesse local, além da fresta com a borracha ainda existe a fresta do próprio aço.
 Essa região onde vai o paralamas externo é protegida pelo zinco dos parafusos e chapa mola que o seguram.
Comprei varias arruelas de plastico e parafusos novos com chapa mola.

Saindo um pouco do assunto:
Essas são as próximas peças que vão para pintura a pó. O travessão está quase pronto faz tempo, mas cada vez que ia trabalhar nele achava um problema, agora acho que vai.
 
 A corrosão que estava na parte superior da coluna do vidro dianteiro foi "soldada". Vai ficar melhor quando for lixada. Acredito que a corrosão foi causada por uma fresta que existia originalmente na emenda do teto com a coluna.

Não deixem de conhecer minha chevrolet brasil em http://chevy63.blogspot.com

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Tédio e limpeza de peças da direção

Andei gastando bastante tempo preparando peças para pintura com pó, principalmente da chevrolet brasil, comprei mais uma pinça de freio do chevette, estudei um pouco sobre a evolução das pinças de freio (E conclui que não vou usar as da D-10 na brasil! Tem coisa melhor e mais barata!) e por fim resolvi dar uma limpada nas peças do reservatório do omega que comprei para usar no sistema de direção hidráulica do chevette. Agora pouco resolvi que vou fazer outro blog paralelo mostrar como vai a chevrolet brasil, o link vai ficar lá embaixo junto com o de outros bons blogs (mesmo que alguns estejam sem atualização a muito tempo!). Ainda não começamos a preparar a colocação do paralamas interno, se tudo der certo amanhã a tarde vai rolar funilaria nele e pintura no diferencial, mas sem solda pois estou sem gás, isso fica para outro dia na próxima semana.
 O reservatório do omega é o "padrão" da GM para o ano dele. O original do chevette americano/canadense que comprei a direção, se não me engano, é similar ao do opala antigo, integrado a bomba de direção. Como estou usando uma bomba mais moderna que não precisou de adaptação no motor que vou usar (econoflex 1.4) achei interessante colocar um reservatório que combinasse com ela. Como tudo (ou quase) que vem de ferro velhos ela estava bem suja com uma mistura de oleo e terra, bem difícil de tirar completamente sem estragar a peça.
 Ainda não fechei se vou usar a articulação original brasileira ou vou procurar a americana/canadense para a barra de direção, então resolvi dar um trato na original.
 Aqui a articulação já está limpa e pronta para uso, "zerada"!
Aqui as mangueiras e o reservatório já estão quase limpos. Não achei onde coloquei as mangueiras de alta pressão e infelizmente a mangueira de retorno da caixa de direção foi "degolada" durante a retirada, nada que não possa ser reparado com uma flangeadeira.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Pintura a Pó e Chevrolet Brasil

Esse final e inicio de ano foram lotados de visitas e o chevette não progrediu muito, fiz algumas soldas na coluna e na saia que faltou o acabamento, mas trabalhar no paralamas vai precisar de um dia full de dedicação com ajuda pois temos que remover a saia antiga, remover os pontos de solda antigos, alinhar e pontear (estou pensando em alugar uma solda ponto!) o paralamas novo e ainda falta dar acabamento na saia "nova". Pelo menos depois vai faltar pouco para lata. Provavelmente vou conseguir passar o fundo e possivelmente passar um PU preto no diferencial por esses dias, mas é só. Ainda vou ficar devendo a roda fônica traseira para o ABS, o eixo traseiro do chevette não dá muita margem para trabalhar nisso, mas já temos algumas idéias.
A chevrolet brasil por sua vez avançou bastante, a lata dela está muito boa (vou dever as fotos por enquanto). Não pretendia misturar muito ela com o chevette nesse blog, mas os dois estão andando meio junto seguindo uma filosofia diferente. A brasil não será modernizada ainda, exceto a suspensão dianteira que é muito ruim (alguns podem discordar, mas é ruim sim!), vou acertar a lata dela e colocar o motor que eu conseguir (não tenho o original mas aceito doações) e colocar ela para rodar, deixando a verba "grossa" disponível para o chevette. Quando ele estiver pronto, compro uma mecânica 4x4 moderna e paro ela para um upgrade completo, mas isso é para daqui uns 3 anos no mínimo.
No mais seguem algumas novidades dos dois projetos:
 Pintei o protetor de carter do chevette com pó. Está com umas marcas de dedo sujos de tinta em pó branca (tem que lavar) e uns amassados que não vi graça em remover nessa peça, mas ficou bonito.
Aqui já estão algumas peças da brasil com a pintura pó branca. Fica muito bonito, mas não sei se acertei o tempo/temperatura de cura, me pareceu mais frágil que a preta.
Essa é a grade da brasil, ela está com umas trincas e fiquei tentado a soldar ela com a TIG DC que eu tenho pois não há muito compromisso com a resistência desses pontos, mas achei melhor não arriscar pois nunca soldei alumínio e não tinha nada dessa espessura e liga para testar.
 Essa é uma das trincas. Consequência de uma gambiarra do passado.
 Essa é a saia que vai sob a grade já com os reparos. Causas de danos padrão: frestas + trincas de fadiga + gambiarras.
 Lembram do "T" do post anterior, confesso agora a razão, ele é a única letra que está amassada. Vou providenciar um sacão de areia mais resistente e aperfeiçoar a técnica para consertar isso de um vez.
Esse é o ponto onde vão as lanternas/setas dianteiras. Tinha um monte de buracos de corrosão que fui fechando, mas hoje descobri que fechei dois a mais.
 Esse é o limpador de parabrisas, por alguma razão está faltando um dos braços internos. Como ele é idêntico ao outro vou tentar fazer um clone dele.
 Outra coisa que falta é a ponta onde vão conectados os braços externos. Vou tentar achar algum "equivalente", tenho muita esperança no do chevette.
 Os aros e bases dos farois estão bons, totalmente recuperáveis  Só me preocupa a segunda base da esquerda para direita na foto.
 A lente do teto está derretida, mas acho que assim vai dar uma ideia de antiguidade mais forte, já que não vai atrapalhar no funcionamento dela.
 No inventário do que veio nela (não sei se comentei que ela veio totalmente desmontada, tipo um lego gigante) achei 3 maçanetas sendo duas originais e uma paralela (alem de uma coleção de maçanetas de fusca, brasilia e mais um monte de outras que não reconheci). O pino do botão de uma das originais está quebrado, mas acho que dá para arrumar, ficaria muito estranho colocar somente uma nova.
 Veio um monte de limpadores de parabrisa de outros carros, se alguém souber de que carro é e precisarem, entrem em contato.
 Estou "catalogando" o que veio e tem um monte de coisas que definitivamente não é dela, felizmente não parece faltar muita coisa.
 Tem um monte de botões antigos para paineis e indicadores luminosos sem capas, como todos são antigos podem realmente ser dela.
Uma coisa muito interessante é o sistema para jogar água no vidro. Esse "aro" na foto fica na base do braço do limpador de parabrisa. A porca do lado esquerdo é o "dispositivo". Todos os carros que prestei atenção nisso a peça era de plástico ou não tinha, achei que a brasil não tinha, mas fui surpreendido.